A palavra talento ganhou um sinônimo: Yael Naim.
Há muito tempo eu não me surpreendia tanto com um show. Na verdade, desde a apresentação do Dead Can Dance no Brasil, em 1997 (se não me falha a memória), eu não ficava embasbacado com um show.
Yael Naim ensina a muito artista e banda velha de estrada como se deve estar num palco. Como envolver o público com o seu carisma, sua energia, sua alegria, com seu talento, com suas histórias. Sem ser chata, pedante ou arrogante. De maneira natural, com prazer e diversão.
Ela mostrou as faixas do seu primeiro álbum, homônimo, e alguns bonus tracks com o suporte de um grupo de músicos de talento indescritível.
As percussões dos atabaques, teclados “alá The Doors” e acordeon ilustram a riqueza sonora que Yael Naim trouxe para o palco, encantando e extasiando a platéia que lotou o teatro do Sesc Pinheiros nessa noite.
O seu talento já seria elevado a enésima potência, juntamente com o talento de seus músicos, os quais tiveram seus “momentos de estrela”, se ela apresentasse “somente” o fantástico domínio de sua voz, variando tonalidades baixas, médias e altas com uma facilidade como se estivesse brincando. Mas, ela foi além. Mostrou o seu lado multi-instrumentista, tocando piano, violão e baixo.
Essa jovem cantora envolveu a todos numa aura de intimidade tão grande que não parecia estarmos vendo o show de uma artista estrangeira, a qual estava fechando as comemorações do ano da França no Brasil. Parecia estarmos vendo o show de uma amiga, próxima e íntima, uma vizinha nossa.
E suas histórias em algumas das faixas, como quando mudou-se para Paris ou antes de tocar “New Soul”, a sua canção mais conhecida, tornava a intimidade ainda mais cativante, como se fizessemos parte de suas histórias e tornando o ambiente ainda mais aconchegante.
O show durou quase duas horas, transcorridas de maneira suave e com gosto de “sim, quero mais!”, quase como um encantamento inebriante.
Na mesma intensidade do êxtase de Yael Naim no palco estava a receptividade do público, que cantou até o último instante sob a “batuta” daquela maestra.
Antes de iniciar “New Soul”, Yael Naim disse que, ao escrever aquela canção, havia chegado à conclusão de que era ainda uma “alma jovem”, ainda aprendendo.
Definitivamente, com todo aquele talento, carisma e simpatia, Yael Naim não é uma “nova alma”, mas sim uma nobre alma.
Um comentário:
Faço minhas suas palavras. o show foi sim inebriante, realmente surpreendente. Uma sexta à noite adorável.
Lucila
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