Nuno Mindelis
Ana Carolina
BOSSA N´ STONES
Rolling Stones traziam, desde os primórdios da banda, algo “lascivo” em suas canções, ainda mais se comparado aos “Garotos de Liverpool”. E assim sempre foi o rock and roll iniciando com Elvis “ The Pelvis” Presley.
Clássicos como Angie, Harlem Suffle ou Ruby Tuesday traziam a mescla perfeita da rebeldia sonora do rock, o instigante da transgressão juvenil, a sensualidade exacerbada da adolescencia que prosseguiu e seguiu a todos…e continua seguindo.
Agora, imaginem que fosse possivel extrair o lado “Rock and Roll” dessas faixas, elevando a enésima potência todos os demais atributos citados acima. Bem, meus caros, não é necessário imaginar. Isso é possível ouvir e se deixar levar através do álbum Bossa n´ Stones.
Esse álbum é uma compilação de clássicos dos Rolling Stones numa releitura elaborada por diversas bandas que passeiam por um caminho diferente das versões originais, mas não menos instigante.
Bossa n´ Stones passa pela Bossa sim, mas não aquela de referências moribundas e depressivas que tanto marcam esse estilo. É uma Bossa numa nova roupagem turbinada por Eletro Jazz, Chill Out, Drum n´ Bass excitando seus ouvidos.
E por falar em “roupagem”… a capa do álbum já diz muito bem a que veio.
Confira!
WYNTON MARSALIS & ERIC CLAPTON – “Play the Blues”
O que acontece quando dois gênios se encontram?
Bem, a resposta óbvia é…depende!
Claro que depende!
Depende de quais gênios estamos falando. Depende o que esses gênios fazem. Depende da “sintonia” entre esses gênios…e assim vai.
Pois bem, no caso do gênio Wynton Marsalis e do gênio Eric Clapton…. a resposta também é óbvia… os dois juntos fazem um verdadeiro espetáculo!
E isso pode ser comprovado e apreciado através do álbum e DVD Play the Blues gravado ao vivo no Lincoln Center e que traz uma energia, uma vibe totalmente cativante do início ao fim.
Wynton Marsalis traz seu trompete vibrante, intenso, melódico e cheio de groove.
Eric Clapton traz a sua guitarra suave, discreta, perfeitamente bem colocada compondo o “pano de fundo” perfeito para uma sonoridade que servirá de companheira.
Vale ressaltar que, mesmos os gênios, não realizam suas maravilhas sozinhos. E assim também ocorre em Play the Blues, onde Wynton Marsalis e Eric Clapton tem o apoio de uma banda que já mostra a que veio na primeira faixa, exalando um jazz em cada um dos instrumentos de maneira magistral…. a altura dos gênios… dos grandes gênios.
NADEAH – “Venus Gets Even”
O álbum começa e já nos primeiros segundos somos transportados para um cabaré, bem ao estilo Francês dos anos 1900…ou seria dos anos 2013?
A época não importa porque a sonoridade de Nadeah, embora seja feita em 2013, traz o vigor, a bagagem de uma diva clássica com toques de modernidade.
Através dos trompetes, violinos e piano ela contemporiza as duas épocas e nos embriaga em suas canções.
Mais uma daquelas jovialidades cuja personalidade musical e a beleza encantam completamente.
BONOBO – “Black Sands”
Uma dúvida pairou na minha cabeça sobre fazer ou não esse post.
A dúvida veio porque o som do Bonobo foge um pouco ao que costumo apresentar aqui no blog, mas quem sou eu para decidir o que os outros vão ouvir? Eu apenas apresento as sugestões. Esse é o primeiro ponto.
O segundo ponto é que um mudança começou a aparecer em meio a audição do álbum Black Sands, quarto álbum de Simon Green, o homem por trás do Bonobo.
DJ inglês, Bonobo inicia Black Sands com um toque de Trip Hop e muita influência da música eletrônica. Eu diria que o álbum começa se apresentando como um “Lounge Eletrônico”. Boa música, mas o “eletrônico” aqui me incomodou um pouco. Entretanto, no decorrer do álbum se percebe a adição de outras influências como jazz e soul (em especial nas faixas “El Toro” e “We Could Forever”), onde as batidas sintetizadas abrem espaço para um belíssimo trabalho de uma bateria bem elaborada e que confere uma dose de sofisticação e personalidade a esse álbum.
O álbum segue uma linha instrumental, com exceção de três momentos nos quais Andreya Triana se apresenta, e muito bem, nos vocais (“Eyesdown”, “The Keeper” e “Wonder When”).
O resumo disso tudo é o seguinte. O lado eletrônico do álbum não chega a desagradar, já que a levada trip hop segura bem a vibe dessas faixas, mas não tira Black Sands de um parâmetro conhecido, porém quando as demais influências entram em ação, aí sim, faz toda diferença ouvir Bonobo.
MUSETTA – “Mice to Meet You”
Você está adentrando uma sala. Na verdade um grande salão. Ou melhor dizendo, um cabaré onde as luzes baixas e abajures espalhados tão um toque intimista e sofisticado ao lugar.
As paredes de um roxo intenso são percebidas de relance entre os sutis fachos de luz.
Poltronas vermelhas estrategicamente localizadas em cantos, mais ou menos obscuros completam a decoração e instigam os sentidos. Num dos extremos, há cortinas também vermelhas, como se escondessem ou anunciassem algo. Mas não esperem dançarinas de Can Can.
Nesse ambiente o show é de cada um se entregando de corpo, alma aos desejos ali instigados. E completando essa ambientação não poderia haver melhor trilha sonora do que Musetta.
Musetta é um duo italiano formado em Milão em 2008 e Mice to Meet You é o seu debut. Nesse álbum você encontrará uma sonoridade trip-hop, downtempo com uma pegada de jazz bem interessante e todo um toque, digamos instigante, de cabaré, aquela libido no ar.
Um álbum fantástico, diferente das referências mais conhecidas do estilo, e indispensável no seu playlist…esteja você sozinho ou acompanhado.
REGINA SPEKTOR - “Begin to Hope”
A primeira faixa já te prende, ainda que te leve a referências conhecidas ao estilo Dido. A segunda faixa também te prende, pelas mesmas referências, mas com algo a mais..um vocal incrível.
E assim você vai se envolvendo com Begin to Hope, quarto álbum dessa russa, nascida ainda na época da ex-URSS, mas radicada nos EUA, Regina Spektor. Mas, de repente, não mais que de repente a sonoridade vai ganhando uma personalidade diferente. Melodias mais marcantes, mais intensas, mais profundas e, ao mesmo tempo doces, agradáveis.
De repente o lado pop se esvai e em seu lugar um piano ocupa seu lugar e a voz desta russa domina e nesse ponto você já está entregue ao encanto de Regina Spektor.
Ela conseguiu um equilíbrio pra lá de perfeito numa mescla entre o pop, folk, elementos de jazz e uma certa “liberdade experimental” sem perder a noção do agradável em nenhum momento do álbum, mesmo cantando certos trechos em russo (vide faixa “Apres Moi”).
Em algum momento você pode até se perguntar se ainda estará ouvindo o mesmo álbum da primeira faixa ao chegar ao final, mas certamente você se encantará com todas as nuances e terá a certeza de que você precisa ouvir esse álbum de novo.
Não perca mais tempo, ouça já Regina Spektor Official Site ou MySpace
MEL AZUL
Mel Azul é um tanto quanto complexo de descrever, porém nada complexo de escutar.
Trata-se de um projeto paralelo do baterista da banda Garotas Suecas que se envereda num mix de jazz e blues fortemente condimentado por uma vibe psicodélica, swing e muito groove.
Com baixos bem pronunciados e guitarras viajantes e até desconexas, as músicas são extensas, mas não pensem que são enfadonhas, elas são hipnóticamente agradáveis.
Há tempos não ouvia algo fora das minhas referências preferidas do indie-pop que me agradasse tanto.
Ficou curioso por ouvi-los? E, por vê-los? Se sim, aproveite que o Mel Azul tocará ao vivo no Clube Berlin, no dia 19/03.
Já vá esquentando os ouvidos pelo MySpace.
Partindo do princípio que tudo vem do começo, vamos iniciar pela origem.
Jazz nos Fundos: é exatamente isso! Uma casa bacana, descolada, que toca Jazz, tanto na discotecagem quanto ao vivo (e aliás, só as maravilhas do estilo) e que fica nos fundos de um estacionamento em Pinheiros.
Lugar alternativo, de gente bonita, cerveja Eisenbahn (entre outras). Vale a pena! http://jazznosfundos.net/
Violentango: grupo de Buenos Aires que, no máximo da “violência”, faz uma música muito além do agradável. Está mais próximo do maravilhoso.
É um grupo que mescla elementos do tango e música folclórica Argentina numa levada jazzística-acústica.
Forte, intensa, “agressiva”, dançante e, de repente, se torna introspectiva, melódica, sentimental.
Simplesmente, excepcional!
A banda já lançou 3 álbuns e para conhecer um pouco mais sobre o Violentango, acesse Violentango Official Site.
Pois bem, a fusão do Jazz nos Fundos e do Violentango ocorreu ontem. Um show maravilhoso que deixou a todos encantados.
Estive lá, me encantando sonoramente e clicando.
Aqui vão algumas fotos e para ter uma idéia do Violentango ao vivo, vejam o vídeo abaixo.
O Jazz nos Fundos
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