Nuno Mindelis
Ana Carolina
O SESC está com uma programação especial nos meses de junho e julho com a ótica “O Japão em imagens e sons”.
Dentro desse projeto o grupo Mawaca se apresentou ontem no teatro Paulo Autran, no SESC Pinheiros, com o espetáculo Ikebanas Sonoras.
Fui motivado a assistir essa apresentação pela sinopse que li no site do SESC e saí do teatro ontem encantado com o que vi e ouvi.
Ikebanas Sonoras é um espetáculo multimídia onde as sete integrantes do Mawaca passeiam por canções do folclore japonês num misto da aura mística oriental com um leve tempero ocidental (no caso da faixa “Sakura Sakura” o tempero ganhou um toque mais acentuado da Terra Brasilis e ficou fantástico).
Nesse contexto musical nos deparamos com a miscelânea bem orquestrada de instrumentos japoneses como o koto, shamisen e taiko de um lado e o acordeon, a flauta transversal o cello de outro, isso sem falar dos elementos de percussão e do incrível jogo de vozes que as sete moças do grupo nos presenteiam de maneira sublime.
O espetáculo, entretanto, ultrapassa os limites sonoros e entra no ambiente visual. A começar pelo figurino das integrantes e músicos convidados, passando pela apresentação de leques com a dupla Daniella e Deborah Shimada (quem também tocam os taikos) e chegando a um conjunto de projeções no telão de imagens encantadoras, com aquele traço inconfundível das ilustrações orientais feitas por Erica Mizutani e que consagram o Ikebanas Sonoras como espetacular com todos os adjetivos e significados que essa palavra pode carregar.
Ontem a apresentação foi registrada para o lançamento posterior de um DVD e, já adianto, assistam! Pois o “arrependimento” de ter visto esse espetáculo ao vivo dará lugar a um encantamento sublime.
LINDA GUILALA – “Bucles Infinitos”
Se fosse possível sintetizar a sonoridade desse duo espanhol seria algo mais ou menos assim.
O que isso significa? Bem, vamos lá. Peguem as batidas dançantes do shoegazer do Ride com os vocais “etéreos” do Lush e sublimem isso com as guitarras distorcidamente pop do Teenage Fanclub, tudo na sonoridade latina do idioma espanhol.
O resultado é um álbum extremamente agradável do começo ao fim, numa aura indie fantástica e os responsáveis por isso tudo são Iván e Eva.
Devo admitir que tenho minhas resistências quanto ao mundo indie-pop latino, em especial quando cantado em espanhol, mas Linda Guilala veio mostrar que sempre, mas sempre mesmo, toda regra tem sua exceção. E nesse caso, que exceção!
Na semana passada postei sobre essa banda e seu show no Studio SP (vide post). Ontem, lá fui eu conferir ao vivo o que já havia me encantado no álbum Quarto das Cinzas.
Ao subirem ao palco, os integrantes do Jardim das Horas apenas confirmaram o que já era esperado, ou seja, envolveram a todos com aquela bela miscelânea sonora entre swing e groove dançante de um lado e uma introspecção e suavidade do melhor da música brasileira moderna do outro.
A surpresa ficou mesmo por conta da belíssima Laya Lopes, a vocalista do Jardim das Horas…(ou seria uma versão atual das sacerdotisas vestais?).
A sua beleza já era fato constatado, mas a sua presença de palco, a sua performance inebriante e sua simpatia era algo a mais a ser apreciado.
Diferente das castas sacerdotisas vestais, Laya exalava sedução e tinha em comum a “missão” de manter acesa a chama do Jardim das Horas no palco. E o fez com maestria! Tanto que os demais integrantes ficavam no seu “papel low profile” conscientes e focavam no que lhes era destinado, isto é, manter a melodia no compasso para deleite da musa do Jardim e agrado da platéia.
O Jardim das Horas nos concedeu um show fantástico, o qual não apenas não decepcionou como ainda surpreendeu.
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